A GESTÃO PARTICIPATIVA COMO ELEMENTO MOTIVADOR NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Paulo Roberto Salvador L. Souza
Resumo
A gestão participativa surge como uma alternativa de extremo valor nos tempos atuais, tratando-se de uma forma de gestão moderna e inovadora, dentro de um ambiente globalizado e altamente competitivo. Trata-se de um recurso que sintetiza a aspiração íntima das pessoas, no que diz respeito a sua realização e satisfação pessoal e coletiva. Através dela o indivíduo se sente responsável pelas atividades que desempenha, já que recai sobre ele a responsabilidade tanto pelos bons como pelos maus resultados que apresenta. Ele sai do estado de inércia, com relação ao interesse pelo desempenho da empresa, para tomar o lugar de parte ativa no mesmo. A partir daí surge naturalmente um fator primordial nos dias de hoje que é a motivação no trabalho. Esta decorre do se sentir importante no processo de conquista de objetivo, no alcance de metas. O trabalhador deixa de ser um funcionário a mais na Folha de Pagamento, tornando-se um elemento-chave também na tomada de decisões. Este tipo de gestão mostra-se, por esta forma, perfeitamente harmônico com as concepções atuais de boa condução de empresas. A pesquisa foi do tipo qualitativa, descritiva e bibliográfica.
Palavras-chave: Gestão participativa. Motivação. Administração contemporânea.
introdução
Contar com um desempenho cada vez melhor tem sido a premissa básica para todo tipo de empresa nos tempos atuais. Estes exigem que as companhias não fiquem apegadas a atender simplesmente a padrões locais; precisam mais que isto, ou seja, adotar padrões utilizados pelas organizações internacionais.
Diante do atual contexto, além de se oferecerem produtos inovadores, torna-se imperioso também buscar e oferecer a qualidade máxima, para o que todo o aparato tecnológico não se mostra o bastante, necessitando-se, acima de tudo, contar com trabalhadores devidamente motivados com as atividades que desenvolvem.
É através de uma efetiva participação que os colaboradores das organizações modernas passam a ter maior envolvimento com estas, uma vez que se sentem como parte integrante do processo que leva ao alcance dos objetivos da empresa. Além disso, experimentam maior interação com a cultura organizacional, o que é fundamental para o sucesso no mundo dos negócios.
O interesse pelo tema objeto deste artigo surgiu a partir do momento em que se observa o crescente valor que se vem efetivamente reconhecendo no ser humano, o qual nos conceitos iniciais de Administração era visto como simples peça do maquinário industrial.
O problema objeto de investigação consiste em apurar de que maneira a motivação tem lugar na gestão participativa.
A pesquisa realizada é do tipo qualitativa, descritiva e, quanto às fontes, do tipo bibliográfica.
1. A PARTICIPAÇÃO DO COLABORADOR NA GESTÃO EMPRESARIAL
A constante busca do aprimoramento quanto aos modelos de gestão ao longo do tempo fizeram surgir diversas práticas que exerceram forte influência tanto no comportamento como na cultura organizacional e além na gestão de pessoas.
Para Robbins (2000) a principal função que compete aos gerentes pode ser traduzida como a do controle. Para que este consiga garantir que as coisas tomem os rumos por ele traçados necessita monitorar o desempenho da organização. Deve-se comparar o desempenho real com as metas que foram antes estabelecidas para, no caso de haver uma divergência importante qualquer, o gestor atuar de modo a trazer a organização de volta a seu curso.
Acontece que o papel deste elemento primordial para a empresa tem recomendado que conte, cada vez mais, com a participação das pessoas nos mais diversos níveis de decisão. Este tipo de postura proporciona maior qualidade nas decisões e, por conseqüente, na administração.
Leal Filho (2007, p. 60) define a participação como: “[...] um sistema de exercício de autoridade que responde a forças que atuam no mundo das organizações”.
Deve-se ter em conta que participar não se apresenta como uma prática natural nos modelos convencionais de administração. É comum se observarem trabalhadores alienados no que diz respeito ao controle de seu próprio trabalho, o mesmo se verificando quanto à gestão da organização, o que significa um verdadeiro desperdício do potencial de contribuição que as pessoas têm para oferecer.
Segundo McLagan e Nel (2000) em uma organização participativa existe a valorização da delegação de poderes. O mesmo acontece com relação às responsabilidades pessoais, disponibilizando o amplo acesso à informação.
A gestão participativa tem por fim refletir e oferecer um reforço em prol da transparência, de modo a facilitar o acesso entre níveis e funções, bem como organizar o trabalho direcionado ao cliente. Serve igualmente para reduzir as distâncias até os fornecedores, ajudando as pessoas a atuarem dentro de equipes diversificadas e auto-gerenciáveis.
Com isto obtêm-se equipes flexíveis e permanentes, contando com relacionamentos horizontais, na qual todos os seus membros cooperam no fluxo de trabalho, sendo responsáveis por agregar valor aos produtos e serviços.
É importante que considere, ainda, que “Participação não é sinônimo de envolvimento de todo mundo em tudo” (McLagan; Nel, 2000, p. 50).
O ato de participar envolve a doação visando garantir que a opinião, idéia ou sugestão de cada um possa proporcionar efetivas melhoras à organização, sem que isto importe em benefícios pessoais e ou profissionais.
Leal Filho (2007, p. 25) acrescenta que:
Estudos revelam que práticas organizacionais participativas melhoram o desempenho da gerência na administração dos conflitos entre funcionários. Tais práticas têm influência direta no alcance dos objetivos organizacionais. São as chamadas funções positivas da participação que provocam aperfeiçoamentos na gerência, proporcionando melhores índices de produção e de produtividade; melhora na distribuição dos benefícios do trabalho entre aqueles envolvidos em seus resultados; melhora na redistribuição do poder na organização, a fim de que seus membros tenham maior influência nas decisões sobre seu destino profissional e sobre o destino da organização; melhora na interação e no compartilhamento de valores entre funcionários e direção das organizações, visando a desenvolver também a identificação, a lealdade e a aceitação de valores comuns. Há também aumento na satisfação de indivíduos com o trabalho realizado, assegurando melhor interação com o grupo.
O sucesso ou o fracasso de qualquer projeto depende diretamente das pessoas que nele atuam. Distribuir responsabilidades gera a autoconfiança, faz com que os projetos pessoais se integrem com o coletivo, podendo tornar-se um fator motivacional, a partir do momento em que os funcionários se sentem mais respeitados.
A adoção da gestão participativa mostra-se válida como uma resposta para as novas necessidades das empresas no contexto da produção capitalista. A tendência atual é no sentido de que as atividades intelectuais vão se integrando cada vez mais à atividade produtiva. Trata-se de postura a ser adotada, inclusive, no nível dos trabalhadores da linha de produção, o que escapou à concepção taylorista, a qual considerava que o trabalhador não precisava pensar, por ser esta uma tarefa da administração. Com isso, tinha-se a eficiência da empresa limitada, o mesmo ocorrendo com o desenvolvimento do potencial do trabalhador, como força de trabalho.
2. A PARTICPAÇÃO DO COLABORADOR GERANDO MOTIVAÇÃO
A motivação pode ser vista como a razão que conduz as pessoas a estabelecer um envolvimento em um determinado esforço. Trata-se, de uma força ou impulso interno que move os indivíduos a fazer ou deixar de fazer algo, sendo que, no ambiente de trabalho leva o profissional a aplicar seus conhecimentos, tanto de forma individual como coletiva, para agregar valor no curso da cadeia produtiva da organização.
Leal Filho (2007, p. 98) entende que quando os trabalhadores se mostram mais motivados, treinados e, principalmente, informados tornam-se mais propensos a oferecer sua cooperação com os demais para, de forma contínua, superar os padrões de produtividade e de qualidade. Acrescenta o autor que: “Com a mobilização de idéias de um maior número de pessoas para o alcance de objetivos comuns, evita-se a formação de funcionários submissos e servilmente obedientes”.
Formas participativas de gestão fortalecem o senso de comunidade ou mesmo o de união entre os componentes dos grupos de trabalho. Contribui para que se crie um clima que conduz ao comprometimento e à amizade, o que se opõe a um clima de discórdia, bastante comum em organizações que atuam em ambientes internos altamente competitivos.
É importante que se acredite que a motivação atua como fator influenciador do comportamento das pessoas nas organizações. Assim, na medida em que se consegue compreender como ela se verifica torna-se possível realizar um planejamento, visando à implantação de ações que dizem respeito à gestão participativa. Uma boa gestão organizacional precisa se colocar alerta quanto ao fato de ser o comportamento humano complexo, o que demanda que seja ela analisado de acordo com o momento em que se apresenta e o contexto em que o indivíduo vive.
Colaboradores que estejam motivados e que tenham confiança nos ambientes da empresa sentem-se encorajados para oferecer sua contribuição de maneira integral. Eles acabam se sentindo à vontade e também capazes de oferecer propostas visando a inovações e colaborar na busca constante de melhorias para as tarefas rotineiras do processo operacional.
A prática da participação organizacional favorece a manutenção do senso de comunidade e do espírito de corpo dentro da organização. Tal prática contribui para a formação de um clima de comprometimento, amizade e um sentido de posse daquilo de que esteja fazendo parte, em oposição a um clima fragmentado e de discórdia. (LEAL FILHO, 2007, p. 98).
A responsabilidade pelos resultados da organização serve de forte estímulo para acertar, o que compreende o esforço e empenho em fazer o que se sabe da melhor maneira possível e aprender aquilo que ainda se desconhece, mas que pode contribuir para um melhor desempenho da empresa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo que se conclui pelo sistema participativo obtém-se a total integração do homem à empresa em que trabalha. Trata-se de uma forma de gestão que respeita as dimensões políticas, biológicas e sociais de cada funcionário. Valoriza todo e qualquer tipo de contribuição que oferecer e que possa agregar valor.
Pelo fato de gestão participativa aumentar as possibilidades de satisfação das necessidades intrínsecas das pessoas, ela desperta um fator de fundamental importância no indivíduo que é a motivação.
Muitos estudos são desenvolvidos visando definir quais os fatores que são capazes de provocar tal estímulo nos colaboradores das empresas. Entre os elementos considerados estão salários, benefícios, flexibilidade de horário, entre outros. Acontece que cada indivíduo responde de maneira diversa aos estímulos externos com que se depara.
Uma circunstância, porém, que se mostra como uma constante é a motivação que surge quando a pessoa se sente efetivamente como parte integrante de um conjunto de fatores complexos como é o caso das empresas.
Esta motivação decorre especialmente do envolvimento na elaboração e na conquista dos objetivos organizacionais, o que leva à ampliação do horizonte de desenvolvimento individual.
Para que se consiga um sistema de organização do trabalho e de gestão mais participativa é preciso recorrer a soluções que tenham por fim redefinir os papéis e funções, de cada participante, delegando-lhe maior responsabilidade sobre os processos em desenvolvimento, como também a responsabilidade pelos seus resultados.
REFERÊNCIAS
LEAL FILHO, José. G. Gestão estratégica participativa. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2007.
McLAGAN, Patrícia A; NEL, Christo. A nova era da participação: o desafio de emocionar e envolver pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
ROBBINS, Sephen Paul. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2000.
SOTERO, Frederico. Gestão participativa em rede-GRP: descentralização e participação na gestão municipal. Brasília, DF, 11/10/2002. Disponível em: <http://alainet.org/active/show_text.php3?key=3061>. Acesso em: 15 jun. 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário