terça-feira, 25 de outubro de 2011

Paulo Roberto Salvador Lopes de Souza

A COMUNICAÇÃO COMO VALIOSO RECURSO PARA O LÍDER PARA DESPERTAR A MOTIVAÇÃO EM SEUS LIDERADOS


 


Resumo

O propósito desta pesquisa foi no sentido de descrever de que forma a comunicação pode contribuir para que o líder desperte motivação em sua equipe. Para alcançá-lo foram estudados conceitos de liderança, com o papel do líder para a equipe sob seu comando, bem como definições sobre motivação e a importância do recurso comunicação para o êxito na liderança. Recorreu-se à pesquisa do tipo bibliográfica, utilizando-se livros que enfrentam questões sobre liderança eficaz, o que se encontrou em Bergamini, além de Hunter, em sua consagrada obra “O monge e o executivo”, bem como Bordenave que traz os principais fundamentos do que seja comunicação. O fundamento do estudo, em sede de Administração, tomou por base Botelho e Robbins.
                                                                                                         
Palavras-chave: Líder. Comunicação. Motivação.

introdução

Assumir o comando de qualquer equipe não se mostra uma tarefa das mais fáceis de desempenhar, uma vez que o material com que se lida são indivíduos, cada um com suas mais diversas características pessoais.
Entre os animais prevalece a lei do mais forte, o que aconteceu nos primórdios da humanidade, quando os homens passaram a viver em grupos, buscando aumentar suas chances de sobrevivência, ficando com melhor defesa contra ataques dos predadores.
Nas sociedades atuais este tipo de postura há muito não é aceita. Convencer pessoas a realizar determinadas tarefas em prol de objetivos e metas depende muito mais de habilidades do que do poder de quem está investindo em um cargo de comando nas empresas.
O que se observa, porém, é que nem sempre o chefe é um líder, o que torna as atividades daquele consideravelmente mais árduas.
Explicando alguns aspectos que diferenciam tais atores Botelho (1997) explica que, para o líder, a diferença entre as ações dos gerentes e as daqueles que se acham sob seu comando existem simplesmente em razão das competências diversas de cada um. Um líder tem consciência do valor da comunicação, compreendendo-a como oportunidade para troca, pesquisa e debate produtivo. Para o chefe, porém, basta comunicar o estritamente necessário para manter as atividades. Este último resolve os conflitos invocando o poder que dispõe por força da hierarquia; já para o líder, as dificuldades devem ser debatidas, analisadas, devendo ser aproveitadas como uma oportunidade para o crescimento.
O presente estudo tem por objetivo principal descrever de que forma a comunicação pode contribuir para que o líder desperte motivação em sua equipe.
A pesquisa é do tipo bibliográfica, recorrendo-se ao método dedutivo.

1. ALGUNS ASPECTOS SOBRE A LIDERANÇA

De acordo com Bergamini (2002) o tema da liderança tornou-se pauta principal dos estudos que envolvem o comportamento dos indivíduos dentro das organizações. O que se comenta, porém, é uma escassez desses agentes mobilizadores, o que tem aumentado a complexidade dos problemas humanos nas empresas.
Como destaca a mencionada autora, longe de contar com dons extraordinários, o líder se identifica como o indivíduo que tem a capacidade de desenvolver relacionamentos a partir dos quais consegue despertar nas pessoas o estímulo para que trabalhem de maneira cooperativa, com o fim de cumprir missões específicas, independentemente da natureza que essas tenham.
Informa Botelho (1997) que há vários anos o comportamento do gerente vem sendo comparado ao do líder. Os estudos a respeito se baseiam nas visões da realidade que cada um desses personagens possui, bem como da forma como encaram as organizações dentro da sociedade. As pesquisas já realizadas chegaram a apurar quais os diferentes posicionamentos dos gerentes e dos líderes. Enquanto o gerente toma como base de conduta as regras, normas e procedimentos da empresa, o líder encontra apoio tanto em suas capacitações, como ainda nas habilidades que dispõe e também nas pessoas que trabalham sob seu comando.
A rotina diária, para o gerente, é vista, por ele, como uma batalha constante a ser vencida; enquanto que, para o líder, ela consiste, apenas, no reinício de novas oportunidades. O gerente entende as crises como problemas que se mostram desgastantes e aborrecidos. Já para o líder, trata-se de situações inevitáveis que demandam competência e discernimento para serem enfrentadas de forma adequada.
Continua Botelho (1997) descrevendo que, para o líder, a diferença entre as ações dos gerentes e as daqueles que se acham sob seu comando existem, simplesmente, em razão das competências diversas de cada um. Um líder tem consciência do valor da comunicação, compreendendo-a como oportunidade para troca, pesquisa e debate produtivo; já o gerente limita-se a comunicar o estritamente necessário para manter as atividades. Este último resolve os conflitos invocando o poder que dispõe por força da hierarquia; já para o líder, as dificuldades devem ser debatidas, analisadas, devendo ser aproveitadas como uma oportunidade para o crescimento.
Para o gerente é preciso ter o controle total sobre tudo que está acontecendo na área sob sua responsabilidade, enquanto que o líder limita-se a controlar apenas o que considera importante e que pode trazer conseqüências. Não se espere de um gerente a iniciativa quanto a estimular a criatividade, já que entende ele ser melhor repetir do que inovar porque, desta forma, os resultados serão mais previsíveis. Um líder, ao contrário, costuma oferecer estímulo a seus subordinados por acreditar que a criatividade permite a inovação, o que faz parte da administração (BOTELHO, 1997).
Não obstante o valor que tem o gerenciamento nas empresas, Botelho (1997) considera que, dentro da visão atual, existe mais necessidade de liderança do que de gerenciamento.
Uma opção para se apontar caminhos para aqueles que se encontram na função gerencial seria adotar o modelo de liderança, a que James C. Hunter (2004) denomina de liderança servidora.
Em sua obra “O monge e o executivo - uma história sobre a essência da liderança”, o mencionado autor define a liderança como a “[...] habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum” (HUNTER, 2004, p. 25).
É preciso que se tenha em conta que o bem comum no caso pode ser compreendido como ações que visem atender tanto aos interesses do funcionário com os da empresa, ainda que este tipo de conciliação seja difícil de se obter na prática.

2. a comunicação PARA O LÍDER levando à motivação DA EQUIPE

Como descreve Bordenave (1994, p. 16) a comunicação está presente nas mais diversas situações do dia-a-dia das pessoas, ainda que estas não cheguem a se dar conta a respeito. Isto se verifica até mesmo quando os indivíduos silenciam para assistir a uma novela ou apresentação de seu interesse, que o autor aborda como quando as pessoas se “incomunicam”, salientando que ”Sociedade e comunicação são uma coisa só”.
Para o citado autor torna-se quase praticamente impossível se determinar com precisão o termo inicial e o final do processo de comunicação, ainda que algumas de suas fases sejam constantes no processo, podendo ocorrer em qualquer ordem, ou mesmo simultaneamente.
O processo responsável por determinar a intensidade, a direção e a persistência dos esforços que uma pessoa empreende para atingir determinada meta guarda uma relação direta com a motivação. São estes elementos da maior importância, uma vez que dimensionam a quantidade do esforço despendido pelo indivíduo, o qual, isoladamente pode não conseguir atingir resultados favoráveis, a menos que receba uma orientação e acompanhamento diretos em uma direção que vá beneficiar a organização. A persistência representa um fator que serve para medir quanto tempo uma pessoa consegue preservar seu esforço, até que consiga atingir seus objetivos (ROBBINS, 2007).
Por motivação deve-se entender a disposição direcionada para fazer alguma coisa. Está condicionada pela capacidade de tal ação vir a satisfazer uma necessidade do indivíduo.
Robbins (2007) afirma que uma boa comunicação mostra-se como um elemento essencial para levar à eficácia de qualquer organização ou grupo. Entende o autor que uma das condições mais fortes que podem servir de obstáculo ao para bom desempenho de uma equipe é justamente a falta de uma comunicação eficaz. Deve-se considerar a comunicação como algo que supera a simples transmissão de um significado. É imprescindível que ela seja devidamente compreendida.
Diante disso, a comunicação por parte do líder deve incluir tanto a transferência como também a compreensão do significado. É preciso que ela ocorra de forma tal que a figura mental a ser percebida pelo receptor mostre-se de forma idêntica à do emissor. A partir tem-se uma verdadeira sintonia entre o que se deseja que o outro faça, o que levará não somente à satisfação por parte dos envolvidos no processo, como também à motivação para o liderado continuar a realizar suas tarefas para atender ao que dele se espera.
Robbins (2007) reconhece que há uma relação direta entre a comunicação e a satisfação do trabalhador; isto decorre do fato de que se reduzindo a incerteza, aumenta-se a satisfação. Assim, quanto menor for a distorção na comunicação, pode-se dizer que as metas, o feedback além de outras mensagens do líder aos liderados serão todos recebidos de uma forma que se estará o mais próxima possível do que se pretendeu transmitir.
Outro aspecto a ser considerado pelo líder é que fatores como um canal adequado, uma escuta eficaz e o recurso ao feedback podem ajudar bastante em prol de uma comunicação eficaz,
Consideradas as diferenças entre os indivíduos sob liderança estes apresentaram graus de esforço distintos para exercer sua percepção quanto às relações entre esse seu esforço e desempenho; entre seu desempenho e a recompensa a ser obtida e entre a recompensa e o cumprimento de objetivos. No caso de as recompensas por sua vez não restarem claras o bastante ou se os critérios que irão mensurar seu desempenho forem ambíguos, a tendência é o indivíduo reduzir seus esforços. O mesmo se dá quando estes também não estão devidamente convencidos de que seus esforços o conduzirão a um desempenho satisfatório. Diante dessas observações tem-se que a comunicação desempenha um papel significativo para estabelecer o nível de motivação dos funcionários (ROBBINS, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do estudo do referencial teórico pode-se extrair que o líder deve utilizar a comunicação como um recurso eficiente para motivar seus liderados. A conseqüência disto virá através de melhores resultados para a organização.
O líder eficaz demonstra não apenas confiança e competência, como principalmente, mostra-se aberto ao diálogo e principalmente fazendo bom uso da comunicação.
Pode-se afirmar, sem receio de erro, que tal fator é um dos elementos imprescindíveis para uma liderança eficaz.
É da essência da arte de liderar contar com instrumentos que levem a uma boa comunicação. Sem que se consiga transmitir de forma efetivamente compreensível e clara os significados e os propósitos que se tem em mente não há como obter êxito quando se trata de influenciar pessoas.
Todo líder considerado como bom precisa se sair, igualmente, como um bom comunicador de significados.
A motivação surge a partir do momento em que esse ator na organização consegue criar situações que estimulem o interesse pessoal de seus liderados.
Além disso, é mediante a comunicação que se constroem planos e também se desenham projetos e também se traçam objetivos. Isto faz com que o líder consiga fazer com que sua equipe sinta-se também responsável pelos resultados da organização e, assim, motivados para realizar seu trabalho com o máximo de esforço em busca do bem comum.



REFERÊNCIAS

BERGAMINI, Cecília Whitaker. O líder eficaz. São Paulo: Atlas, 2002.

BORDENAVE, Juan E. Diaz.  O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BOTELHO, Eduardo F. Administração inteligente: a revolução administrativa. São Paulo: Atlas, 1997.

HUNTER, James C. O monge e o executivo – uma história sobre a essência da liderança.
Trad. Maria da Conceição Fornos de Magalhães. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

ROBBINS, Stephen. Comportamento organizacional, São Paulo: Pearson-Prentice Hall, 2007.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Paulo Roberto Salvador Lopes de Souza

HOMEM, SUA EXISTÊNCIA e a dE DEUS

Paulo  Roberto Salvador Lopes de Souza

Resumo


O presente artigo se propôs a fazer uma análise dos aspectos que envolvem o homem em sua busca para compreender sua própria origem e existência, considerando a evolução do pensamento a respeito ao longo da História da Humanidade. Pode-se extrair dos registros que foram sendo descobertos, desde os primórdios, que existe a curiosidade em saber como surgiu o universo, o mundo em que se vive atualmente e a própria existência da vida. Neste contexto surge obrigatoriamente a indagação sobre Deus e as concepções que se têm a respeito. No início, os mitos, com a predominância do politeísmo, já que para tudo sobre o que não se contava com explicações atribuía-se a deuses. Atualmente prevalece a idéia de um Deus único, ainda que sua existência seja objeto de questionamentos. Foram confrontados na investigação os papéis da ciência e da religião na busca de oferecer respostas para as indagações acerca da existência de Deus. O estudo foi do tipo descritivo, utilizando-se de fontes bibliográficas. 

Palavras-chave: Homem. Deus. Vida.

introdução

O ser humano, por ter sido criado com uma inteligência superior aos demais entes vivos, traz consigo uma característica singular que é a curiosidade. A partir daí sempre esteve em busca de explicações para todos os fenômenos que ocorrem a sua volta e entre eles a origem do Universo e da vida e as razões para tais existências.
Para as civilizações antigas o universo foi compreendido a partir de fundamentos exclusivamente mitológicos, filosóficos ou religiosos, uma vez que não contavam com o auxílio da ciência, notadamente a cosmologia – trata da estrutura do Universo - e a cosmogonia – trata da origem e evolução do Universo - as quais oferecem, também, sua versão para os fatos.
O presente estudo tem por objetivo final analisar de que maneira o homem dos tempos atuais vêm se posicionando entre a ciência e a religião sobre o sentido da vida.
A metodologia adotada é de uma pesquisa que se caracteriza, conforme Vergara (2003), como descritiva, quanto aos fins, e bibliográfica quanto aos meios. É descritiva por ter procurado expor as posições da literatura a respeito da origem do Universo e da vida, tanto sob a ótica científica como pela religiosa. A pesquisa bibliográfica realizada compreendeu uma leitura de reconhecimento dos materiais coletados com vista à escolha daqueles que tratassem dos temas relacionados com a situação-problema. A partir daí foram utilizados, livros, Revistas e textos extraídos da internet.

1. TEORIAS E MITOS SOBRE A CRIAÇÃO DO UNIVERSO E DA VIDA

Dentre as teorias científicas que buscam uma explicação para a origem do Universo a que conta com maior aceitação é a do Bing Bang (Grande Explosão). Baseia-se na idéia de ter ocorrido, entre 10 (dez) e 20 (vinte) bilhões de anos atrás, uma gigantesca explosão que transformou tudo o que existia até então no que hoje se considera como sendo o Universo, com seus astros, galáxias e toda a ordem de elementos já conhecidos pelos homens.
Contrapondo-se a tal concepção tem-se a teoria do criacionismo, de fundamento religioso, que se baseia na idéia de uma divindade criadora, como responsável também pelo surgimento da vida na Terra. É o que se extrai de Salmos (33: 6,9), onde consta que: "Mediante a palavra do Senhor foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de Sua boca... Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo surgiu".
No Antigo Testamento os mitos da criação se fazem presentes, tornando-se verdadeiros alicerces do Cristianismo, bem como para o Judaísmo e o Islamismo.
O mito da criação do homem por uma força divina, a partir do barro, é encontrado em registro da Grécia Antiga fazendo-se presente em diversas outras civilizações. Ainda que esses possam ser considerados atualmente como absurdos é importante que se evite o equívoco de interpretá-los, seja utilizando valores e símbolos da cultura que se possui ou procurar envolver conhecimentos científicos para buscar explicá-los, pois, como salienta Gleiser (1978, p. 24): “Os mitos têm que ser entendidos dentro do contexto cultural” em que foram criados.
O maior valor que deve atribuir a esses é o fato de que os mitos servem para demonstrar a maneira como cada cultura interpreta e organiza a realidade que vivencia.
Em Gênesis (2.4-15), na Bíblia, que se tem a menção quanto ao lugar perfeito para o homem viver.
Trata-se do Jardim do Éden, que representa um lugar em que se vive feliz, sem dor ou sofrimento, dispensando-se a necessidade de trabalhar. Este local guarda semelhança com a Idade de Ouro da mitologia grega, a qual faz referência ao deus Crono, que presidia uma raça de homens que igualmente não precisavam trabalhar. Isto decorria do fato de que a própria terra, por ser especialmente criada, não necessita de cultivo para produzir os alimentos necessários à sobrevivência humana (POUZADOUX, 2001).
Pelo que se pode extrair o Jardim em tela representa a evocação da Vida, com fecundidade em abundância. Também pode ser visto como a realização da terra prometida para os hebreus que obteriam uma terra “fértil e espaçosa, uma terra onde corre leite e mel” (Ex 3, 8). E, na seqüência: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27).

2. a existÊncia de deus

Todas as explicações que foram desenvolvidas ao longo do tempo quanto à existência de Deus sempre enfrentaram por maior obstáculo os conceitos oriundos da ciência.
As teorias que foram surgindo, estabelecendo o confronto entre ciência e religião, podem ser agrupadas, enfim, em 3 (três) momentos que são: a existência inquestionável de Deus, que dá lugar à suposição cartesiana da dúvida da existência de Deus e, ao final, a exortação nietzschiana de que Deus estaria morto.
Inicialmente, no mundo antigo, o que mais aproximaria do que seja hoje visto como ciência pode ser considerado aquilo a que Platão denominou de episteme, concebido como sem vínculo com a técnica. Neste contexto, baseando-se na premissa da existência de Deus, ao cientista cabia limitar-se a interpretar o mundo de acordo com uma linha de pensamento própria. Isto porque não se admitia a experimentação como procedimento visando à produção do saber. Ao sábio cabia apenas encontrar uma causa para explicar a existência das coisas, não se questionando se estas eram obras de criação divina.
Explica Leal (1998, p. 43) que, na época a convicção que se possuía quanto ao processo de criação divina era inabalável. Diante disso, os dogmas que procuravam oferecer explicação para o surgimento e o desaparecimento das coisas e sua dinâmica deviam ser seguidos porque “[...] o fenômeno da fé e da crença em Deus deveria bastar para a não-explicação de todos os mistérios que envolvem o ser humano”.
No período em que surgiu a dúvida quanto à existência de Deus esta pode ser atribuída a Descartes, quando colocou tal questão em xeque, introduzindo, assim, a figura “daquele que não crê, daquele que carece de provas fundadas” (CABAS, 1998, p. 36).
É quando a dúvida transforma-se em um método, fazendo surgir um campo de saber a partir do qual a dúvida torna-se um argumento para a sistematização, cuja base é duvidar de tudo e tem por fim proporcionar condições que sejam propícias para estabelecer a certeza como algo concreto e constante.
Segundo Descartes (1973) não se deve ter apego aos sentidos, por considerar que dados sensoriais podem induzir a erros, sendo também ilusórios. Para ele Deus, se existisse teria criado um mundo imperfeito, permanecendo na função de eterno ajustador de sua criação, sendo o mundo visto, então uma obra inacabada.
Assim o filósofo em questão acabou lançando o que se poderia chamar de homem reflexivo, o qual considera que sua crença baseada em sentidos dá espaço para erros, fazendo-o a ter maior apego aos fundamentos da ciência.
Finalmente tem-se a exortação considera que Deus estaria morto, a partir de Nietzsche (1983), com base nas idéias de Kant (1983) que partia do princípio de que todos os objetos devem se acomodar.  A partir daí a necessidade do saber cientifico e da produção de bens recorrendo-se à técnica, praticamente autônoma, a vontade de Deus poderia ser vista como praticamente nula, a qual ficaria reduzida às possibilidades de ocorrência de acidentes e do inesperado. Isto, contudo, leva à reconhecer no homem uma consciência crítica indicando-lhe que este não poder mais escapar à responsabilidade por seus atos, por serem eles puramente humanos. Diante disso torna-se inaceitável pretender se esquivar das conseqüências pelas atitudes tomadas, menos ainda contar com a possibilidade de atribuir a Deus a razão de suas ações.
As idéias então lançadas fizeram com que o homem experimentasse uma condição de abandono, levando-o, enfim, a buscar uma solução para a angústia sofrida, o que se fez através da ciência, a qual, aos poucos, foi concorrendo para eliminar a suposição da existência de Deus.
Acontece que, recentemente, o pesquisador polonês Michael Heller, utilizando-se de leis da física e da filosofia, acabou conseguindo demonstrar que Deus existe. Isto acabou lhe proporcionando o Templeton 2008,[1] um dos mais cobiçados prêmios do mundo, no valor de 820 mil libras esterlinas (cerca de R$ 2,87 milhões). Sua metodologia teve por base o chamado “Deus dos cientistas”, representado pelo big bang, a grande explosão que teria dado origem ao universo. Daí recorreu à Teoria da Relatividade, de Einstein, quando, enfim analisou as condições cósmicas, como a ausência de gravidade que interfere nas leis da física, chegando a sustentar a possibilidade de se encontrar Deus nos conceitos da física quântica. Concluiu, então, que se um determinado átomo pode atrair outro, então Deus e ciência também se atraem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo que se extrai do estudo realizado, a capacidade de raciocínio com que os seres humanos são dotados leva-os a um estado tão amplo de liberdade de pensamento, que acaba fazendo-os questionar o que está tão claro diante de si que é a existência de Deus, sendo Ele autor de toda criação.
A dificuldade maior, ao que parece, está justamente nesta mesma liberdade irrestrita para agir conforme as próprias conveniências e convicções, o que acaba deixando o homem perdido, caso não saiba utilizá-la de modo a lhe proporcionar felicidade. Isto somente será alcançado caso saiba conduzir sua vida conforme a ordem de Deus.
Juntando-se o saber o científico com as doutrinas religiosas partem do princípio de que o homem é um ser dotado da sensação de desamparo e ciente de sua condição de incompletude Falta-lhe algo, enfim. É justamente este espaço vazio é que estimula ciência e religião para completar. A partir daí cria os mais diversos tipos de objetos, que disponibiliza para o homem como possíveis instrumentos para a solução imediata para a falta que sente.
A religião, a seu turno, na busca de oferecer suporte para preencher o vazio, fundamenta-se em Deus, como um ente completo, pleno de amor, pronto para oferecer sua proteção a todos os que a Ele recorrem em pensamento.
Um caminho que pode oferecer uma solução equilibrada para conciliar os dois aspectos descritos poderia ser, então, amar a Deus com o coração mas também com o intelecto.





REFERÊNCIAS

Bíblia sagrada: nova versão internacional. 2. ed. Santo André (SP): Geográfica, 2009.

CABAS, A. G. Da queda dos deuses e do advento do sujeito na filosofia política. Revista Latusa. 2, Rio de Janeiro, 1998.

COSMÓLOGO recebe prêmio defendendo existência de Deus. 14/03/2008. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL350919-5603,00-COSMOLOGO+RECEBE+PREMIO+DEFENDENDO+EXISTENCIA+DE+DEUS.html>. Acesso em: 13 maio 2010.

GLEISER, Marcelo. A dança do universo: dos mitos de criação ao big bang. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

KANT, I. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

LEAL, C. E. A estrutura do sacrifício e o objeto a. Revista Latusa. n. 2, Rio de Janeiro, 1998.

NIETZSCHE, F. O crepúsculo dos deuses. São Paulo: Abril Cultural, 1983.  

POUZADOUX, Claude. Contos e lendas da mitologia grega. São Paulo: Cia das Letras, 2001.

SHINDOLL, Harold. A ordem perfeita de Deus.  São Paulo: IFC, 1988.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Paulo Roberto Salvador Lopes de Souza

A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS E SUA COMPETITIVIDADE NO MUNDO ATUAL

Paulo Roberto Salvador L. Souza

Resumo

O conceito de responsabilidade social das empresas vem se consolidando de forma irreversível no contexto mundial. Diante disto, tem-se a necessidade de tal postura ser incorporada à estratégia da empresa, o que pode ser refletido por desafios de ordem ética dentro das dimensões econômica, ambiental e social. Ação em tal sentido quando revestidas de um compromisso social maior mostram-se oportunas pelo fato de gerarem benefícios, como o aumento da reputação da empresa frente a legisladores, clientes atuais e os futuros investidores, entre outros. A conciliação da responsabilidade social com as estratégias da empresa de hoje não oferecem maior dificuldade. Ela pode, perfeitamente, auferir os lucros projetados, conseguir uma boa visibilidade no mercado e ainda assim investir recursos com o fim de atender à demanda da responsabilidade social. Uma opção que pode adotar é recorrer ao marketing social, mas que este tenha o cuidado prévio de evitar que as práticas da empresa sejam compreendidas pela sociedade como mero caminho para a autodivulgação, sem que tenha o efetivo propósito de beneficiar a sociedade como um todo. A pesquisa foi do tipo qualitativa, descritiva e bibliográfica.

Palavras-chave: Responsabilidade social. Competitividade. Atualidade.

introdução

Diante do quadro de miséria que se verifica em diversas partes do mundo, com os seres humanos agredindo o ambiente em que vive fez surgir nos últimos tempos uma conscientização quanto à necessidade de se adotarem medidas que sirvam para preservar a vida no planeta, tão desgastado com seu mau uso na exploração de riquezas.
A partir de então se difundiu o conceito quanto ao desenvolvimento sustentável, com foco na satisfação das necessidades humanas presentes, mas que não se incorra no comprometimento de igual condições para as próximas gerações.
Verificaram-se, então, diversas transformações na comunidade empresarial em torno de investimentos sociais, sendo que o maior desafio encontrado consiste em encontrar uma fórmula equilibrada para, de um lado conduzir suas atividades preservando a competitividade, a qual demanda um elevado padrão de qualidade e, de outro, atender às reivindicações sociais e observar o desenvolvimento sustentável.
O objetivo do presente estudo está em descrever a maneira pela qual as empresas podem harmonizar suas ações de responsabilidade social com a competitividade que o mercado lhes exige em qualquer parte do planeta.
A pesquisa realizada foi do tipo qualitativa, descritiva e bibliográfica.
                                                                                         
1. A Responsabilidade Social NOS TEMPOS ATUAIS

O setor empresarial desempenha um papel de grande importância na economia mundial, tendo em vista que a premissa atual é a de que as empresas têm sua responsabilidade diante da sociedade. Considera-se, assim, que somente com a adoção de práticas de responsabilidade social, que estejam fundamentadas no conceito do desenvolvimento sustentável, serão capazes de criar perspectivas válidas em prol de um mundo melhor.
Certo e Peter (1993), acreditam que a responsabilidade social constitui-se de atividades projetadas para melhorar a sociedade além de simplesmente atender os interesses econômicos e técnicos da organização. Segundo os autores, este seria o ponto de vista contemporâneo da responsabilidade social, contrariamente ao ponto de vista clássico para o qual o gestor é apenas um empregado do acionista, e, portanto, vê-se apenas obrigado a contribuir para o lucro da empresa.
Comentam haver na literatura voltada à análise da administração estratégica acirrados debates quanto à conveniência ou não de as empresas se envolverem efetivamente em atividades voltadas à responsabilidade social.
Este tipo de administração é por eles definida como um processo contínuo e iterativo que tem por fim integrar ao ambiente o conjunto em que consiste uma organização.
Sustentam, enfim, que há fatores como tamanho da empresa e sua capacidade para investir em programas de responsabilidade social que vão determinar a possibilidade ou não de se adotarem medidas em tal sentido, sem prejuízo d alcance de objetivos econômicos traçados.
Tomar a decisão de agir de forma socialmente responsável, prever quais as conseqüências dessa ação e o que será feito no futuro pela empresa são decisões que podem estar fundamentadas em diversos critérios. O critério da ética deve ser o principal a se levar em conta na hora da decisão.
Ética, responsabilidade social empresarial se inicia a partir disso. Não se deve tomar a decisão apenas porque existe uma lei que obrigue as empresas a fazerem isso. A responsabilidade social tem que ser de livre e espontânea vontade, uma decisão voluntária, baseada não na legislação, mas na ética, nos princípios e nos valores.
As empresas precisam se olhar como parte da comunidade. O mercado não aceita mais empresas que se omitem. A falta de transparência na condução dos negócios prejudica os clientes e a própria empresa.
Cada empresa deve verificar se está dando oportunidades para seus empregados se desenvolverem e se eles estão gratificados de forma pessoal, no lugar onde trabalham.
Também não basta a empresa ser socialmente responsável, ela deve ser percebida como tal. Aí, as agências de publicidade estão fortemente envolvidas. Comunicação não é despesa e sim investimento.
A empresa que adota a filosofia e práticas de responsabilidade social tende a ter uma gestão mais consciente e mais clara, o que contribui para sua permanência e seu crescimento.
Responsabilidade social deve ser uma atividade que se une com a gestão empresarial. E, para uma empresa ser bem sucedida no mercado e ter competitividade, a responsabilidade social é indispensável. O que acontece, porém, é que não existe qualquer manual ou modelo para que se cumpra a vontade do empresário em transformar de um dia para o outro sua empresa em um exemplo de gestão socialmente responsável. Existem, sim, ações que devem respeitar o perfil da organização, o local em que estão instaladas e os problemas enfrentados pela comunidade onde ela está inserida.
A imprensa hoje está cada vez mais fiscalizadora e os consumidores, mais exigentes. Quem aposta na responsabilidade e no diálogo conquista muito mais clientes e o respeito da sociedade.
O marketing social pode ser um valioso instrumento para que o consumidor possa ter conhecimento das ações praticadas pelas empresas.
Deve-se estar atento, contudo, ao fato de a mídia vir se referindo a este tipo de marketing como a atuação das empresas no campo social com o exclusivo propósito de obterem diferenciais competitivos, sem que se tenha a intenção real de influenciar o comportamento coletivo. Dentro dessa idéia, o marketing social fica relacionado exclusivamente aos benefícios diretos obtidos pelas empresas, sem tomar como prioritárias as mudanças qualitativas que ocorrem no ambiente social em que aquela empresa atua.
Diante disso, é importante que se estabelecem também estratégias para evitar o tipo de problema descrito.
2. Responsabilidade Social e Oportunidade de Negócios

A mobilização das companhias rumo ao social ocorre independentemente do porte que tenham, envolvendo desde as micro e pequenas até as maiores corporações do país.
Nos tempos atuais já se tornaram obrigatórias nos negócios questões como preço e qualidade, com vista à obtenção de um bom desempenho seja com relação a bem ou serviço colocado no mercado. Entretanto, as empresas que pretendam obter algum destaque têm adicionando à sua gestão aspectos que há pouco tempo atrás sequer se cogitava que é a união entre o fator econômico e o fator social.
Dentre os mencionados fatores estão a origem e as condições de produção, além do impacto provocado no meio ambiente. Pode-se extrair da imagem da marca um reflexo que pode ser positivo ou negativo, dependendo dos acontecimentos durante qualquer etapa do processo produtivo de um bem ou serviço (GRAYSON; HODGES, 2002).
No final do século XX alguns empresários despertaram sua atenção para a necessidade de estabelecer uma relação entre sua empresa e produtos com os temas emergentes de gestão[1]. Criaram, por esta forma, nichos de mercado para suas marcas, que ficaram associadas a causas específicas.
Como exemplo pode ser mencionada a empresa britânica de cosméticos, The Body Shop International, que edificou sua marca e reputação a partir da proibição de experiências com animais na produção de seus cosméticos; além disto, ainda criou um programa de comércio comunitário, demonstrando preocupação com o meio ambiente (GRAYSON; HODGES, 2002).
Há um grande número de questionamentos por parte do consumidor. Por este modo, o público acaba desejando que a empresa saia do papel de simples fornecedora de bens e serviços vindo a se tornar atuante quanto ao tratamento dado às pessoas. Estas devem ser enfrentadas como seres inteligentes, devendo também adotar um comportamento ético que vá além das exigências legais. Neste caso, se a organização quiser estar no mercado e que o seu produto conte com um diferencial, terá de promover melhorias para a sociedade (MILANO et al, 2002). 
As pessoas em seus diversos papéis, sejam simples cidadãos, funcionários de empresas, consumidores, produtores ou acionistas, muitas vezes reunidas em grupos de interesse, acabam influenciando na forma de gestão das empresas, diante do agravamento das questões sociais e também a crescente discussão, no setor empresarial sobre a importância da ética e da transparência no uso de recursos financeiros, ambientais, políticos ou mesmo sociais. Esta postura, considerada, então, como socialmente responsável pode ser enfrentada como fruto das transformações no macro cenário e também no cenário organizacional, no qual o fenômeno da globalização, a elevada competitividade e a incerteza são características centrais.
Segundo Milano et al (2002) é preciso ser coerente em todo esse processo. A sociedade sempre acabará ganhando quando a empresa se decide a fazer algum tipo de investimento social. Acontece, entretanto, que há muitas empresas atuando neste sentido, só que sem o correto direcionamento de suas medidas. Há as que acreditam tratar-se de simples modismo ou até mesmo para não perder sua fatia de mercado.
Da mesma forma que o ganho se mostra fácil quando se faz merchandising de ações inconsistentes, a perda pode ser muito maior quando o consumidor notar que foi ludibriado. “Por isso, a responsabilidade social deve vir de dentro para fora, ou seja, primeiro arruma-se a casa e depois se abrem suas portas” (MILANO et al, 2002, p. 28).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo que se observa na atualidade é que existe um crescente interesse por parte dos consumidores por questões que envolvem a responsabilidade social das empresas. Neste contexto está o tipo de tratamento dado aos funcionários, se a empresa já fez parte de algum processo de suborno e corrupção, se já esteve envolvida com a prática de alguma ação social, se provocou algum tipo de poluição no meio ambiente, se faz uso de materiais recicláveis, entre outros.
Com base em tais informações eles tendem a procurar ou então rejeitar, de vez, empresas que estejam alheias a tais ideologias, insistindo em adotar padrões administrativos exclusivamente voltados ao lucro e à produtividade.
No mundo de acirrada competição são as próprias companhias concorrentes que têm interesse em divulgar de todas as maneiras possível ações infelizes por parte de suas concorrentes, como vazamentos de óleo, propaganda enganosa, entre outras práticas que agridam o meio ambiente ou o consumidor.
Assim, a competitividade da empresa de hoje está muito ligada às práticas que adota quanto à sustentabilidade e responsabilidade social e, certamente, que um marketing bem elaborado só irá contribuir para que tenha ela uma imagem saudável no mercado em que atua.
REFERÊNCIAS

CERTO, S. C.; PETER, J. P. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993.

GRAYSON, D.; HODGES, A. Compromisso social e gestão empresarial. São Paulo: Publifolha, 2002.

MILANO, M. S. et al. Responsabilidade social empresarial: o meio ambiente faz parte do negócio. Curitiba: FBPN, 2002.


[1] Temas como a ecologia e o meio ambiente; saúde e bem-estar; diversidade e direitos humanos; comunidades.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Paulo Roberto Salvador Lopes de Souza

A GESTÃO PARTICIPATIVA COMO ELEMENTO MOTIVADOR NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA

Paulo Roberto Salvador L. Souza

Resumo

A gestão participativa surge como uma alternativa de extremo valor nos tempos atuais, tratando-se de uma forma de gestão moderna e inovadora, dentro de um ambiente globalizado e altamente competitivo. Trata-se de um recurso que sintetiza a aspiração íntima das pessoas, no que diz respeito a sua realização e satisfação pessoal e coletiva. Através dela o indivíduo se sente responsável pelas atividades que desempenha, já que recai sobre ele a responsabilidade tanto pelos bons como pelos maus resultados que apresenta. Ele sai do estado de inércia, com relação ao interesse pelo desempenho da empresa, para tomar o lugar de parte ativa no mesmo. A partir daí surge naturalmente um fator primordial nos dias de hoje que é a motivação no trabalho. Esta decorre do se sentir importante no processo de conquista de objetivo, no alcance de metas. O trabalhador deixa de ser um funcionário a mais na Folha de Pagamento, tornando-se um elemento-chave também na tomada de decisões. Este tipo de gestão mostra-se, por esta forma, perfeitamente harmônico com as concepções atuais de boa condução de empresas. A pesquisa foi do tipo qualitativa, descritiva e bibliográfica.
                                                                                                         
Palavras-chave: Gestão participativa. Motivação. Administração contemporânea.

introdução

Contar com um desempenho cada vez melhor tem sido a premissa básica para todo tipo de empresa nos tempos atuais. Estes exigem que as companhias não fiquem apegadas a atender simplesmente a padrões locais; precisam mais que isto, ou seja, adotar padrões utilizados pelas organizações internacionais.
Diante do atual contexto, além de se oferecerem produtos inovadores, torna-se imperioso também buscar e oferecer a qualidade máxima, para o que todo o aparato tecnológico não se mostra o bastante, necessitando-se, acima de tudo, contar com trabalhadores devidamente motivados com as atividades que desenvolvem.
É através de uma efetiva participação que os colaboradores das organizações modernas passam a ter maior envolvimento com estas, uma vez que se sentem como parte integrante do processo que leva ao alcance dos objetivos da empresa. Além disso, experimentam maior interação com a cultura organizacional, o que é fundamental para o sucesso no mundo dos negócios.
O interesse pelo tema objeto deste artigo surgiu a partir do momento em que se observa o crescente valor que se vem efetivamente reconhecendo no ser humano, o qual nos conceitos iniciais de Administração era visto como simples peça do maquinário industrial.
O problema objeto de investigação consiste em apurar de que maneira a motivação tem lugar na gestão participativa.
A pesquisa realizada é do tipo qualitativa, descritiva e, quanto às fontes, do tipo bibliográfica.

1.    A PARTICIPAÇÃO DO COLABORADOR NA GESTÃO EMPRESARIAL

A constante busca do aprimoramento quanto aos modelos de gestão ao longo do tempo fizeram surgir diversas práticas que exerceram forte influência tanto no comportamento como na cultura organizacional e além na gestão de pessoas.
Para Robbins (2000) a principal função que compete aos gerentes pode ser traduzida como a do controle. Para que este consiga garantir que as coisas tomem os rumos por ele traçados necessita monitorar o desempenho da organização. Deve-se comparar o desempenho real com as metas que foram antes estabelecidas para, no caso de haver uma divergência importante qualquer, o gestor atuar de modo a trazer a organização de volta a seu curso.
Acontece que o papel deste elemento primordial para a empresa tem recomendado que conte, cada vez mais, com a participação das pessoas nos mais diversos níveis de decisão. Este tipo de postura proporciona maior qualidade nas decisões e, por conseqüente, na administração.
Leal Filho (2007, p. 60) define a participação como: “[...] um sistema de exercício de autoridade que responde a forças que atuam no mundo das organizações”.
Deve-se ter em conta que participar não se apresenta como uma prática natural nos modelos convencionais de administração. É comum se observarem trabalhadores alienados no que diz respeito ao controle de seu próprio trabalho, o mesmo se verificando quanto à gestão da organização, o que significa um verdadeiro desperdício do potencial de contribuição que as pessoas têm para oferecer.
Segundo McLagan e Nel (2000) em uma organização participativa existe a valorização da delegação de poderes. O mesmo acontece com relação às responsabilidades pessoais, disponibilizando o amplo acesso à informação.
A gestão participativa tem por fim refletir e oferecer um reforço em prol da transparência, de modo a facilitar o acesso entre níveis e funções, bem como organizar o trabalho direcionado ao cliente. Serve igualmente para reduzir as distâncias até os fornecedores, ajudando as pessoas a atuarem dentro de equipes diversificadas e auto-gerenciáveis.
Com isto obtêm-se equipes flexíveis e permanentes, contando com relacionamentos horizontais, na qual todos os seus membros cooperam no fluxo de trabalho, sendo responsáveis por agregar valor aos produtos e serviços.
É importante que considere, ainda, que “Participação não é sinônimo de envolvimento de todo mundo em tudo” (McLagan; Nel, 2000, p. 50).
O ato de participar envolve a doação visando garantir que a opinião, idéia ou sugestão de cada um possa proporcionar efetivas melhoras à organização, sem que isto importe em benefícios pessoais e ou profissionais.
Leal Filho (2007, p. 25) acrescenta que:      

Estudos revelam que práticas organizacionais participativas melhoram o desempenho da gerência na administração dos conflitos entre funcionários. Tais práticas têm influência direta no alcance dos objetivos organizacionais. São as chamadas funções positivas da participação que provocam aperfeiçoamentos na gerência, proporcionando melhores índices de produção e de produtividade; melhora na distribuição dos benefícios do trabalho entre aqueles envolvidos em seus resultados; melhora na redistribuição do poder na organização, a fim de que seus membros tenham maior influência nas decisões sobre seu destino profissional e sobre o destino da organização; melhora na interação e no compartilhamento de valores entre funcionários e direção das organizações, visando a desenvolver também a identificação, a lealdade e a aceitação de valores comuns. Há também aumento na satisfação de indivíduos com o trabalho realizado, assegurando melhor interação com o grupo.

O sucesso ou o fracasso de qualquer projeto depende diretamente das pessoas que nele atuam. Distribuir responsabilidades gera a autoconfiança, faz com que os projetos pessoais se integrem com o coletivo, podendo tornar-se um fator motivacional, a partir do momento em que os funcionários se sentem mais respeitados.
A adoção da gestão participativa mostra-se válida como uma resposta para as novas necessidades das empresas no contexto da produção capitalista. A tendência atual é no sentido de que as atividades intelectuais vão se integrando cada vez mais à atividade produtiva. Trata-se de postura a ser adotada, inclusive, no nível dos trabalhadores da linha de produção, o que escapou à concepção taylorista, a qual considerava que o trabalhador não precisava pensar, por ser esta uma tarefa da administração. Com isso, tinha-se a eficiência da empresa limitada, o mesmo ocorrendo com o desenvolvimento do potencial do trabalhador, como força de trabalho.

2.    A PARTICPAÇÃO DO COLABORADOR GERANDO MOTIVAÇÃO

A motivação pode ser vista como a razão que conduz as pessoas a estabelecer um envolvimento em um determinado esforço. Trata-se, de uma força ou impulso interno que move os indivíduos a fazer ou deixar de fazer algo, sendo que, no ambiente de trabalho leva o profissional a aplicar seus conhecimentos, tanto de forma individual como coletiva, para agregar valor no curso da cadeia produtiva da organização.
Leal Filho (2007, p. 98) entende que quando os trabalhadores se mostram mais motivados, treinados e, principalmente, informados tornam-se mais propensos a oferecer sua cooperação com os demais para, de forma contínua, superar os padrões de produtividade e de qualidade. Acrescenta o autor que: “Com a mobilização de idéias de um maior número de pessoas para o alcance de objetivos comuns, evita-se a formação de funcionários submissos e servilmente obedientes”.
Formas participativas de gestão fortalecem o senso de comunidade ou mesmo o de união entre os componentes dos grupos de trabalho. Contribui para que se crie um clima que conduz ao comprometimento e à amizade, o que se opõe a um clima de discórdia, bastante comum em organizações que atuam em ambientes internos altamente competitivos.
É importante que se acredite que a motivação atua como fator influenciador do comportamento das pessoas nas organizações. Assim, na medida em que se consegue compreender como ela se verifica torna-se possível realizar um planejamento, visando à implantação de ações que dizem respeito à gestão participativa. Uma boa gestão organizacional precisa se colocar alerta quanto ao fato de ser o comportamento humano complexo, o que demanda que seja ela analisado de acordo com o momento em que se apresenta e o contexto em que o indivíduo vive.
Colaboradores que estejam motivados e que tenham confiança nos ambientes da empresa sentem-se encorajados para oferecer sua contribuição de maneira integral. Eles acabam se sentindo à vontade e também capazes de oferecer propostas visando a inovações e colaborar na busca constante de melhorias para as tarefas rotineiras do processo operacional.

A prática da participação organizacional favorece a manutenção do senso de comunidade e do espírito de corpo dentro da organização. Tal prática contribui para a formação de um clima de comprometimento, amizade e um sentido de posse daquilo de que esteja fazendo parte, em oposição a um clima fragmentado e de discórdia. (LEAL FILHO, 2007, p. 98).


            A responsabilidade pelos resultados da organização serve de forte estímulo para acertar, o que compreende o esforço e empenho em fazer o que se sabe da melhor maneira possível e aprender aquilo que ainda se desconhece, mas que pode contribuir para um melhor desempenho da empresa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo que se conclui pelo sistema participativo obtém-se a total integração do homem à empresa em que trabalha. Trata-se de uma forma de gestão que respeita as dimensões políticas, biológicas e sociais de cada funcionário. Valoriza todo e qualquer tipo de contribuição que oferecer e que possa agregar valor.
Pelo fato de gestão participativa aumentar as possibilidades de satisfação das necessidades intrínsecas das pessoas, ela desperta um fator de fundamental importância no indivíduo que é a motivação.
Muitos estudos são desenvolvidos visando definir quais os fatores que são capazes de provocar tal estímulo nos colaboradores das empresas. Entre os elementos considerados estão salários, benefícios, flexibilidade de horário, entre outros. Acontece que cada indivíduo responde de maneira diversa aos estímulos externos com que se depara.
Uma circunstância, porém, que se mostra como uma constante é a motivação que surge quando a pessoa se sente efetivamente como parte integrante de um conjunto de fatores complexos como é o caso das empresas.
Esta motivação decorre especialmente do envolvimento na elaboração e na conquista dos objetivos organizacionais, o que leva à ampliação do horizonte de desenvolvimento individual.
Para que se consiga um sistema de organização do trabalho e de gestão mais participativa é preciso recorrer a soluções que tenham por fim redefinir os papéis e funções, de cada participante, delegando-lhe maior responsabilidade sobre os processos em desenvolvimento, como também a responsabilidade pelos seus resultados.



REFERÊNCIAS

LEAL FILHO, José. G. Gestão estratégica participativa. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2007.

McLAGAN, Patrícia A; NEL, Christo. A nova era da participação: o desafio de emocionar e envolver pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

ROBBINS, Sephen Paul. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2000.

SOTERO, Frederico. Gestão participativa em rede-GRP: descentralização e participação na gestão municipal. Brasília, DF, 11/10/2002. Disponível em: <http://alainet.org/active/show_text.php3?key=3061>. Acesso em: 15 jun. 2010.